«Autopsicografia»

«O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.»


É com este poema, conhecido por muitos, de Fernando Pessoa, que eu começo este pequeno texto acerca de mim.
Na verdade não há muito a dizer, pois ainda só lá vão duas décadas de existência o que, na verdade, é muito pouco.
Nasci na capital, mas o meu registo está feito na minha terra natal, à qual eu tanto gosto de chamar “Santa Terrinha”.
Cresci e vivi, durante doze anos, nessa “Santa Terrinha”, onde foram semeadas as sementes daquilo que sou.
Não, não sou nenhum “menino-prodígio”, nem nenhum actor ou cantor. Sou, como gosto de me caracterizar, e podem chamar-lhe o que quiserem, um simples aprendiz de pensador.
Sou do tempo dos verdadeiros desenhos animados, em que o “Dartacão”, o “Pokémon”, os “Power Rangers”, as “Navegantes da Lua”, o “Zorro” e entre outros tantos, preenchiam as nossas manhãs e tardes.
Contudo, e ao contrário de hoje, não passávamos os dias em frente à televisão. Quando o sol raiava, nós largávamos todos esses entretenimentos e saltávamos para as ruas. Lá era o nosso reino, a nossa alegria, tudo o que mais alegria nos podia dar.
Depois a minha vida tomou outro rumo, e tive aquilo a que se chama uma oportunidade. Passei a viver nove meses numa casa, e os outros três na minha terra natal.
Foi com a minha entrada para o Seminário Menor de São José, em Fornos de Algodres, que esta oportunidade surgiu.
Eis então que, durante quatro anos, ali foi a minha residência. Depois, ao fim do meu quarto ano de seminário e segundo nono ano de escolaridade, transitei para Viseu, devido à falta de seminaristas. Estive um ano a viver em Rio de Loba e, no ano seguinte, deu-se a transição para o Seminário Maior de Viseu, mas continuando ainda no percurso de Seminário Menor.
Ao fim de dois anos deu-se uma transição interna, mudando do Seminário Menor para o Seminário Maior. Aí permaneci dois anos e meio.
Escrevo com a finalidade de dar a conhecer um pouco mais de mim e, com um ou outro texto, vou tentando transmitir alguns dos meus pensamentos.
Muitos foram/são os que por certas razões me impediram de escrever, censurando o que eu escrevia. Mas a minha vontade de escrever foi/é maior e não deixo de escrever.
Tenho muitas paixões na minha vida, das quais poderia aqui enunciar, mas, com a leitura dos meus post’s, podem perceber-se quais são.
Poderia tentar descrever-me, mas acho isso impossível, por isso deixo à descrição de cada um!