quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

«Um por todos, todos por um»


Ontem, dia 28 de Dezembro, a Igreja celebrou os Santos Inocentes. E sobre isso podem ler aqui. E falo-vos sobre isso porque na homilia da missa, o presidente da celebração disse algo que me deixou a pensar e que gostaria de partilhar com os meus leitores.
O lema que todos conhecemos dos desenhos animados Dartacão e de outros lados, o «um por todos e todos por um» tomou, para mim, um novo significado. Os Santos Inocentes, os Profetas e o Povo Hebreu, entre tantos, deram a sua vida, anunciaram e, no caso das crianças, morreram pela mão de Herodes, para preparar a vinda do Salvador. Eles são o «todos» e o Salvador é o «um». Mas este «um» também deu a vida por todos, para nos salvar, para nos livrar do pecado. E o «um» dá-se para o «todos».

Bem, regressei hoje a casa depois de ter estado com os jovens do Seminário em Família em Junqueira. Foi sem dúvida mais uma experiência marcante, mas sobre isso não vos vou chatear, pois poderão ler aqui.



Estamos nas últimas horas deste ano de 2011 e gostaria de fazer um pequeno balanço deste ano do blogue. Chegamos ao fim de um ano, com um total de 236 mensagens, sobre diversos temas, e com um total de 13829 visitas. E é a vós que eu agradeço por tudo isso, porque sem vós nada disso era possível. Um muito obrigado a todos.

Os meus votos para este novo ano que está aqui mesmo à porta é que continueis a sonhar todos os dias, porque os sonhos alimentam a nossa vida e fazem-nos conseguir ultrapassar muitas barreiras. Sejam felizes e nunca percam o vosso lado de loucura, porque a loucura faz-nos sonhar e sonhar faz-nos acreditar que é possível lutar pelo que queremos.
Um Bom Ano 2012 e acreditai nisto: o mundo não vai acabar (como vos falei aqui)!

Bem, findo esta pequena mensagem com uma alegria para vos contar: hoje fui, pela primeira vez a um restaurante chinês e com um grande amigo. Bem, comi algas, bambu, e vitela na chapa; arroz chao-chao, hóstias de camarão e um crepe com óleo de soja. Findei com gelado frito com rum e, em vez do café, bebi um Saké de Arroz. Gostei tanto que tenho de lá voltar :)!



Vá, um Bom 2012 :)! 



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Santo Estêvão

Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:

"Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: 'Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus'. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: 'Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou'. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo".

Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:

"'Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes'. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: 'Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus'. E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: 'Senhor Jesus, recebe o meu espírito'. Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: 'Senhor, não lhes contes este pecado'. E dizendo isto, adormeceu".

(Roubadinho daqui)


E neste dia de Santo Estêvão,uma vez mais, fui passear por São Pedro do Sul. Tem sido hábito, durante as férias, tirar um dia para redescobrir as maravilhas da minha terra natal.
Desta vez levei comigo o tripé da máquina e fiz algumas fotos engraçadas. Deixo-vos as fotos :)








Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 25 de dezembro de 2011

Passeio de Natal!


Dia de Natal! Jesus nasce de novo para toda a Humanidade. Não nasceu num palácio, não nasceu num berço de ouro, não nasceu no quente de um lar: num estábulo, entre palhas, envolto em panos, aquecido por animais.
Hoje é dia da família por excelência. Então, nada melhor que passar o dia em família.
Depois de celebrada a festa do nascimento de Cristo, de comer o bom borrego, foi altura de se ir passear um pouco. Bem, enquanto o sol brilhou nos céus, passeou-se por Lafões. O sol escondeu-se, e nós retomámos a casa.
Bem, na verdade, hoje não vos quero chatear com muito texto, por isso deixo-vos algumas fotos do dia de hoje.
Feliz Natal a todos vós e continuação de Boas Festas! E não se esqueçam que é o aniversário de Jesus!!!



 




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal


Chegou o Inverno! Não trouxe o frio com ele, porque esse já cá estava. Mas com ele vem, como sempre, o Natal!
Estamos nas vésperas da véspera de Natal e isso significa consoada. Na consoada reúne-se a família toda, em torno de uma mesa toda enfeitada, bem recheada. Não interessam as desavenças que ao longo do ano foram surgindo. O que interessa é estarem todos reunidos, brincando ao faz de conta que somos uma família unida e feliz.
Enche-se a barriga, ri-se um pouco, lembra-se, num breve instante, aqueles que faltam na mesa e chega a altura das sobremesas e dos digestivos. Entretanto é meia-noite e é hora de abrir os tão desejados presentes que nesta época consumista se compraram com tanto amor e carinho, ou a faltas deles, simplesmente para parecer bem. De um momento para o outro é só papéis brilhantes para aqui, fitinhas coloridas para ali, e um monte de presentes no colo. Adormece-se e na manhã seguinte alguns levantam-se cedo para ir à missa: uns por fé, outros para cumprirem a tradição. Acaba o dia 25 e todos voltam à sua vida normal. Durante essa semana reina a alegria e outras coisas, até à passagem de ano que será novamente assim: jantar, passar a meia-noite, beber, dormir e no início do ano voltar a casa. E é assim o Natal nos dias que correm.
Fala-se de um tempo diferente, num tempo natalício. Há até quem diga: ah, é Natal! Mas isto é tudo uma falsidade. Para quê brincar às famílias felizes se dentro de uma semana tudo volta ao normal? Para quê andar a comprar prendinhas muito bonitas e caras, se durante o resto do ano não damos um beijo à nossa mãe no dia da mãe, um abraço ao pai no dia do pai, etc, etc, etc?
O nascimento de Jesus, ou melhor, a celebração do seu nascimento tornou-se, e agora desculpem as minhas palavras, uma época onde reina a falsidade e o consumismo. É uma época onde olhamos mais para o eu do que para o outro. E é tão fácil mudar as coisas… Quantas vezes pensamos naqueles que celebram o Natal sozinhos, ou sem nada para pôr na mesa, ou na humilde troca de simples presentes?
E é só isto o Natal? Então o que é na verdade?
O Natal é a celebração do nascimento do Salvador, num estábulo, na pobreza, ao frio e colocado numa manjedoura. É um dos maiores acontecimentos da humanidade: Deus faz-se Homem e habita entre nós. É este o grande sentido do Natal: tudo o resto foi adicionado ao longo dos tempos. E, na verdade, se se trocam presentes nesta época, é porque os reis magos ofereceram presentes ao Deus-Menino. Então, pensando bem, a Espanha é que faz as coisas bem.
Possivelmente estais a pensar se eu faço tudo aquilo que digo: bem, é claro que gosto de receber um presente, estar com a família, de comer uns doces nessa noite, mas penso naqueles que pouco têm, nos que não têm nada. E é com eles no meu coração que celebro o Natal! E alegro-me, ainda mais, porque o Salvador nasceu para nos salvar no madeiro de uma cruz!
Bem, já chega de paleio.
Como já repararam o design do meu blogue já mudou: agora vive-se o Inverno no Partituras de um Sonho.
Ainda faltam dois dias para o Natal, mas nestes dois dias ninguém perde tempo a visitar blogues, etc. Por isso deixo-vos já a minha mensagem de Natal a todos os meus leitores:

Neste tempo de Natal, desejo que no vosso coração reine a paz e a alegria. Que, após quatro semanas de preparação, o vosso coração esteja disposto a acolher o Deus-Menino e que lá permaneça até ao fim dos nossos tempos! Que o Natal não seja só de Dezembro a Janeiro, mas de Janeiro a Dezembro! No seio da vossa família que tudo seja bom e que reine a unidade! Votos de uma feliz Natividade!





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 18 de dezembro de 2011

Senhora da Esperança & 13º Astroconvívio do NAV


Olá amigos!
Hoje escrevo-vos sobre dois assuntos.

Senhora da Esperança

Festejada no dia de hoje, 18 de Dezembro, a Senhora da Esperança, também celebrada no dia de hoje como Senhora do Ó, Senhora do Parto ou Senhora da Expectação, é a Padroeira do Seminário Maior de Viseu, como podem ler na mensagem do ano passado (aqui). Contudo, nós antecipámos a festa para a sexta-feira correndo como no ano passado, à excepção de que este ano não tivemos nenhuma instituição.
Das palavras do nosso Bispo saliento a parte em que ele afirmava que como a Senhora da Esperança, nós, seminaristas, somos a esperança dos nossos pais, amigos, formadores, padres e do próprio Bispo.
A noite terminou com o jantar e com a conversa no bar da casa.



13º AstroConvívio do NAV

A ansiedade já se fazia sentir quando chegou o dia do Encontro. Ontem, dia 17 de Dezembro, decorreu no campo de futebol da Cortiçada, Aguiar da Beira, o décimo terceiro encontro do Núcleo Astronómico de Viseu (NAV).
Não passaria muito das 17:30, quando nos concentrámos no campo e começámos a montar os telescópios. Se não me falha a memória, quando acabámos de os montar seriam, num total, cinco telescópios e uns binoviewers com sete apaixonados pelo firmamento, a saber: Cristóvão (anfitrião), Miguel (presidente vitalício), Paulo Sanches, Paulo Almeida,Carlos Oliveira e um familiar, e eu!





Depois de darmos uma espreitadela a Vénus e a Júpiter, de falarmos sobre diversos assuntos, decidimos começar a parte do GastroConvívio. Em volta da pedra íamos provando as delícias que cada um trouxe: um bolo-rei salgado (que o anfitrião trouxe para dar a conhecer), uma bola de Lamego (que o Paulo Sanches generosamente trouxe de Lamego), um queijo da Serra (que o vitalício trouxe como prometido), uma cevada, uns palmiers, um pão com sementes (trazidos pelo Paulo Almeida) e uma broa da zona de Lafões.
Infelizmente o Paulo Almeida cortou-se quando generosamente distribuía o queijo da serra. Mas como tínhamos um doutor entre nós, fez-lhe logo os primeiros curativos enviando-o logo para o hospital, tendo que nos deixar, infelizmente.
O gelo 
Ficámos assim quatro para observarmos o céu. Mas, a dado momento, o gelo começou a cair, embaciando os binoviewers, os telescópios e deixando uma camada de gelo por cima das malas!
Findámos o encontro com um cházinho e umas bolachinhas que a mãe, a irmã e o namorado da irmã do Cristóvão nos trouxeram para nos aquecermos.
Depois de tudo arrumado voltámos a casa, abandonando o campo de futebol pelas 23 horas.
O espaço é tão bom que ficaram prometidos mais AstroConvívios naquele local, esperando que apareçam mais amantes do céu.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Chuva


Estou deitado sobre a cama a ouvir a chuva que cai fortemente lá fora.
A minha mente leva-me para lá dos meus horizontes.
Surge-me a imagem de uma cabana, perdida nos montes, rodeada de árvores. Da chaminé surge um fumo intenso, cinzento. A chuva cai fortemente. Uma luz, no recanto da casa, salta pela janela. Do lado de dentro, um homem sentado na poltrona, junto à lareira acesa. Os seus cabelos são brancos como a neve, totalmente brancos. Veste um robe de cores escuras, fazendo um padrão todo ele entrelaçado entre si. Sob as pernas, uma manta. A seu lado uma pequena mesa com um candeeiro. Sustenta nas mãos, o velho homem, um livro de capa castanha, com aparência de já ter sido lido várias vezes. As letras douradas, já gastas e sem brilho.
Retira os óculos e fecha os olhos, poisando o livro sobre as pernas. Poder-se-ia dizer que estaria a dormitar, mas não. De olhos fechados o velho homem ouve o concerto do lado de fora da sua cabana. Um concerto da natureza: a chuva a cair, o vento a soprar por entre as árvores, as copas das altas árvores a tocarem-se umas às outras, o som dos passos dos animais que correm apressados, e o solo da velha coruja.
De novo abre os olhos e olha lentamente à sua volta. A madeira da cabana sustenta em si a história daquele homem, por entre quadros e diplomas.
De novo volta o meu pensamento à realidade. Lá fora a chuva já abrandou, o vento já não sopra com tanta intensidade. Mas no meu pensamento só reside a imagem do velho homem. Pego num livro para ler, mas sempre presente está a imagem do velho!
A chuva volta a cair apressadamente e eu adormeço ao som daquela bela melodia. O meu sonho começa escuro.
Vagueio agora por entre uma floresta, em direcção a uma luz que surge por entre as árvores. No topo o fumo dissolve-se no ar suavemente. De novo a cabana surge na minha mente. Mas já não chove. O céu vestiu-se de estrelas e a lua veio iluminar a noite fria. De novo o velho homem se encontra tal e qual. Mas agora, o livro jaz na mesa e nas suas mãos uma fotografia. Abeiro-me da janela para observar de mais perto. O meu coração decidiu acordar, palpitando fortemente. Na foto via o meu rosto, com traços jovens e cabelo ainda com cor…  


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 11 de dezembro de 2011

Domingo Gaudete II


Estamos já no III Domingo do Advento. Este é chamado o Domingo Gaudete, Domingo da Alegria.


Dentro de duas semanas estamos a celebrar o Natal.
No passado dia oito de Dezembro prometi escrever-vos. Mas quando chegou a hora, não sabia o que vos dizer. Sobre a “história” da Imaculada Conceição, já vos tinha falado (podeis reler aqui). Pensei, então, em falar-vos da passagem do livro do Apocalipse onde se fala da Imaculada Conceição, mas pensei que vos iria maçar. Então não vos cheguei a escrever. Mas deixo-vos o texto para quem quiser ler. Quem não quiser, salta-o.

«E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.
E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.
E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.
E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.
E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.
E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.
E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;
Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.
E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte.
Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.
E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem.
E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar.
E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.
E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.»
Apocalipse 12:1-17

Há dias partilharam uma imagem no Facebook e eu não pude deixar de a partilhar com os meus amigos. Hoje partilho-a convosco, meus leitores. A vós, a imagem:



E na verdade, eu hoje sinto-me assim.
Existem datas, acontecimentos, na nossa vida que nos marcam profundamente. E, na minha vida, aconteceu um há precisamente oito anos. Recordo-me daqueles dias como se fosse hoje.
Eram pelas nove da noite, estando eu nas escadas que desciam da capela para o refeitório do Seminário Menor em Fornos de Algodres, quando senti uma forte dor no peito. Estávamos no Jantar de Natal do Seminário, com os professores da escola, e iríamos começar a animação. Pensei para comigo: «são nervos» e segui. Tudo correu bem.
No dia seguinte, pela manhã, recebi a notícia que mais me marcou.
Agora, oito anos depois, estou sentado à secretária, a escrever-vos estas palavras, com um grande aperto no coração e com as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto.
Sinto muitas saudades e um vazio no meu coração.
Há pouco dizia-vos que me sentia como a imagem. Pois é verdade. Hoje, no meio de tanta gente, tive que dar um sorriso, estar alegre e brincar com as pessoas. Mas por dentro tudo era contrário ao exterior.
Mas eis que chega a noite. E no refúgio do meu quarto liberto tudo aquilo que senti durante este dia.
Há sete anos que trajo preto neste dia. E hoje não foi excepção.
11 de Dezembro de 2003, o dia em que um pouco de mim me deixou.
Ainda te trago no meu coração. Ainda te amo. Mas sei que estás melhor do que eu.
Lá fora a lua brilha, tapada, por vezes, pelas nuvens que não querem partir. E eu despeço-me. Boa noite!



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 4 de dezembro de 2011

Fadista!


A camisa negra repousa, por cima do fato preto, em cima da cama. São nove horas da noite e chega a altura de me vestir. Abotoo os botões da camisa deixando os últimos dois por abotoar. Calço os negros sapatos, de biqueira, e visto o casaco.
Saio de casa e o meu caminhar dirige-se até aos tascos de Alfama. Passo as vielas e recordo na minha mente as letras.
Chego acompanhado pela ansiedade e pelo nervosismo.
Os guitarristas já estão em palco e começam a dedilhar um fado. Dirijo-me para junto deles, colocando-me atrás deles com as mãos em seus ombros.
Estamos em Alfama e nada me levaria a não começar com as “Vielas de Alfama”. Preparo a voz e solto as palavras:

“Horas mortas, noite escura, uma guitarra a trinar, um homem a cantar o seu fado de amargura. E através da vidraça enegrecida e rachada, aquela voz magoada entristece quem lá passa. Vielas de Alfama, ruas da Lisboa antiga, não há fado que não diga, coisas do vosso passado. Vielas de Alfama, beijadas pelo luar, quem me dera lá morar para viver junto do fado…

O silêncio reside na sala até que eu acabe o canto. Inclino-me perante o público ao som das suas palmas.
As cordas ainda geme, mas agora num fado diferente. A Lisboa, sempre presente, têm em seu seio o fado. E não falar dela era impossível… Vem então “Maria Lisboa” até junto a mim.
As horas passam, mas o fado sempre presente.
Chega a hora de me despedir, mas não o podia fazer sem antes deixar sair da minha alma dois fados.

Faço sinal aos guitarristas e convido os presentes a cantarem comigo. E eis que na sala começa a surgir o canto acompanhado pelas palmas e ritmos nas mesas:

Oiça lá, ó senhor Vinho, vai responder-me mas com franqueza, porquê que tira toda a firmeza, a quem encontra no seu caminho? Lá por beber um copinho a mais, até pessoas pacatas, amigo Vinho, em desalinho, vossa mercê faz andar de gatas. É mau o procedimento e a intenção daquilo que faz, entra-se em desequilíbrio, não há equilíbrio que seja capaz. As leis da física falham e a vertical de qualquer lugar, oscila sem se deter e deixa de ser perpendicular.
Eu já fui, responde o Vinho, a folha solta a bailar ao vento, fui raio de sol no firmamento, que trouxe à uva doce carinho. Ainda guardo o calor do sol e, assim, eu até dou vida: aumento o valor seja de quem for, na boa conta, peso e medida. E só faço mal a quem me julga ninguém, faz pouco de mim. Quem me trata como água é ofensa, pago-a! Eu cá sou assim. Vossa mercê tem razão, é ingratidão falar mal do Vinho e, a provar o que digo, vamos, meu amigo, a mais um copinho!

Sem perder a energia de todos os presentes, despeço-me, com a música do meu coração:

Sem a cor das bandeiras domingueiras, nem o sol que tem as chitas, ó Lisboa, sem favor, como as tuas carvoeiras são bonitas. Olhai-as passando, gentis toutinegras, por dentro tão brancas, por fora tão negras. As asas são ancas, num ritmo brando, porque não pisam, deslizam voando.
Ai venham ver, venham ver as Carvoeiras, venham ver os olhos delas, que maneiras têm de olhar. Ai venham ver, dois carvões numa braseira, colocados à janela, para o ventos os atear.

Volto a casa, adormeço sob a minha almofada, com o fado no peito…

Post-Scriptum: Este texto, este sonho, este delírio, é uma forma, minha, de homenagear o Fado que é, agora, Património da Humanidade.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Sinto em mim...


Sinto em mim, a saudade de correr pelos campos…
Sinto em mim, o desejo de gritar infinitamente…
Busco no íntimo do meu ser uma resposta a toda a nostalgia que vive no meu coração. Saudades das pequenas coisas, das pequenas palavras, dos verdes campos, das velhas árvores, de tanta coisa.
E eu que não encontro uma razão para tudo isto.
Fecho os olhos e adormeço, enrolado entre lençóis e cobertores, enxugando as lágrimas na almofada.
E eis que adormeço e que os meus sonhos se obscurecem. As negras nuvens no céu, o ar quente a rodear-me, o cheiro da carqueja. E de repente, no céu, rebentam fortes luzes e, em rápidos instantes, um barulho entorpecedor ecoa pelos montes. A chuva começa a cair, e eu, caminhando, esboço um sorriso em meus lábios.
Entro, agora, nas profundezas das serras escarpadas, procurando as belas cataratas que surgem. O pequeno riacho de água pura e cristalina preenche agora o meu pensamento.
De novo o espaço muda. Agora encontro-me no meio da história, caminhando até ao velho mosteiro. As árvores abundantes fazem-se sentir uma paz e serenidade…
Mas num momento, num curto espaço de tempo, a noite cai e as estrelas brilham no céu. Estou deitado sob o firmamento, contemplando-as.
Mas de novo acordo.
Os meus sonhos levaram-me àquilo que eu tanto gosto: natureza, história, entre tantas outras coisas.
Levanto-me, olho pela janela, e as luzes da cidade entristecem-me. Todo o ruido, toda a poluição, toda a falsidade que aqui se vive leva-me a desejar voltar para a minha terra. Já não mais sinto o som dos riachos, nem o cheiro da carqueja. Já não mais me lembro do brilho das estrelas…
Mas uma certeza eu tenho: que as velhas memórias, as coisas que amo, voltarão a mim, sempre que eu feche os olhos e adormeça.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Luzes de Natal


Hoje começa o mês de Dezembro. Segundo o que dizem, hoje foi a última vez que gozámos este feriado. Para o ano já não haverá.
As luzes de Natal já surgem pela cidade, e hoje, à noite, peguei na máquina e fui tirar umas fotos aos enfeites. Para já, só o Rossio tem luzes.
Segundo o que se consta, ficará por aí, devido à crise.
Bem, mas deixo-me de paleios e, a vós, as fotos:







Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 27 de novembro de 2011

Tempo do Advento


Chegámos, finalmente, ao tempo de Advento. As montras das lojas já exibiam o tempo natalício, mas só hoje começou o tempo de preparação para a Grande Vinda.
Como no ano passado, podes ver aqui, deixo-vos uma imagem, criada por mim, para este tempo.


Este ano, muito simples, a imagem mostra-nos José e Maria em caminho para o nascimento de Jesus. Também nós fazemos, durante os quatro domingos do Advento, um percurso de preparação, de rever as nossas vidas e prepara-las para o nascimento de Jesus. O nosso coração deve tornar-se pobre e humilde, para melhor receber Jesus. Ao cimo, a palavra Maranatha. Para quem não sabe, esta palavra de origem aramaica (מרן אתא), que significa “O Senhor vem”. E é esta esperança que nos anima, a esperança e a certeza de que ele vem até nós, e que vem, nesta época, de forma especial: em forma de criança. Os ramos floridos são, simbolicamente, a lembrança da promessa do rebento do tronco de Jessé. A cor branca, sinal de esperança, e o roxo a cor litúrgica deste tempo.

Hoje, acendemos a primeira vela da coroa do Advento. É de origem germânica.  No Inverno, acendiam-se algumas velas que representavam o “fogo do deus sol”, com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltasse. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar, relacionando-a com Jesus Cristo.
No séc. XVI torna-se símbolo do Advento nas casas dos cristãos. Este uso difunde-se rapidamente e implanta-se também na América.
No séc. XIX começou a colocar-se a coroa de Advento nas igrejas.
Existe uma tradição que sugere o nome das quatro velas: vela da Profecia, vela de Belém, vela dos Pastores, vela dos Anjos.
A sua forma circular indica a perfeição, a plenitude a que devemos aspirar na nossa vida de cristãos. O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
Como coroa, significa a dignidade, a realeza que Cristo veio outorgar ao cristão, isto é, a honra, a grandeza, a alegria, a vitória. (Em Ap 4,4-10 Cristo aparece como soberano e em Ap 14,14 tem uma coroa na cabeça como o próprio Deus). É a “coroa dos eleitos”. Uma coroa é usada em diversas ocasiões: a noiva no casamento, as crianças em certas festas, na sepultura como sinal de uma vida plena. A coroa de Advento significa também a plenitude dos tempos.
Os ramos verdes significam também o senhorio de Cristo sobre a vida e a natureza, dons de Deus. Verde é a cor da vida e da esperança. Deus oferece-nos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida.
A luz que se acende indica o caminho, afasta o medo e fomenta a comunhão. A luz das velas é símbolo de Cristo, luz do mundo.
As quatro velas da coroa simbolizam cada uma das quatro semanas do Advento. Acende-se uma vela em cada semana; uma na primeira, duas na segunda, três na terceira e quatro na quarta, simbolizando a nossa ascensão gradual para a plenitude da luz do Natal. No início, vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Recorda-nos a experiência da escuridão do pecado. À medida que se vai aproximando o Natal, vamos acendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada do Senhor Jesus, luz do mundo, que dissipa toda a escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada.
Findo e desejo-vos, a todos, um bom Advento! 




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Quinquagésimo Primeiro


Pequena pode parecer a palavra. E na verdade é-o. Mas envolve, em si, uma grandeza incomparável. Uma grandeza que envolve os nossos corações.
Dela podemos retirar tanta coisa. Mas, o mais importante, é a pessoa que está por detrás dela.
A palavra é PAI, e a pessoa, o MEU PAI.
Hoje é o dia do seu quinquagésimo primeiro aniversário e, por isso, a ele estas palavras.

Quando eu ainda era uma criança,
no teu colo me refugiava.
Pegavas-me pela mão
e me guiavas pelo caminho.
Junto à eterna lareira da minha infância
nos instruías com amor e carinho.
Durante o dia, o trabalho árduo;
pela noite o amor de um pai.
E quando partiste para longe do teu lar,
deixaste em nossos corações a saudade.
O nosso sorriso se enaltecia
quando ouvíamos a tua voz la longe.
E sempre que ao lar retornavas
trazias sempre uma pequena lembrança
e um abraço terno e carinhoso
para nos dar.
Ainda recordo, no meu coração,
um pequeno postal de anos
que me escreveste de lá longe.
Ainda trago, gravado no peito,
as canções que teimavas em cantar.
E nas paredes do meu coração,
o velho índio a fumar.
Tantas as recordações
tão poucas as palavras.
E alegremente, nos pegavas e cantavas,
que o teu menino era d’oiro,
era d’oiro o teu menino
e que ao céu o havias de levar.
E, aquando da minha decisão de vida,
estiveste sempre a meu lado,
para que ninguém me machucasse.
Obrigado, Pai.

Pai, não me alongo mais nestas poucas palavras. Poucas mas de coração. E findo com aquilo que poucas vezes te digo: Amo-te.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Novíssimos


Porque nem só de sonhos e de velhas lembranças vos falo; porque nem só de novos livros ou de acontecimentos vos escrevo. Hoje decidi escrever um pouco sobre um assunto que não parece muito claro para todos nós.
Tudo surgiu da Lectio Divina do Evangelho do Domingo de Cristo Rei do ano A. O tema é a Vida Eterna, e o que nos diz a Igreja sobre o Juízo particular, o Céu, a Purificação final ou Purgatório e o Inferno.
Para nós, cristãos, que unimos a nossa própria morte à de Jesus, encaramos a morte como uma forma de chegarmos a Ele.

Juízo particular

É no Novo Testamento que encontramos o anúncio do juízo, como perspectiva de encontro final com Jesus. Mas é também, no Novo Testamento, que encontramos a retribuição imediata de cada um depois da morte, em função das suas obras e da sua fé. Fala-se então de um destino final da alma, que diferencia de umas para as outras.
Com a morte, a alma imortal de cada homem recebe a retribuição eterna, «num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre».

O Céu

Aqueles que na morte participam da graça e da amizade de Deus e estejam devidamente purificados, viverão, eternamente, com Cristo. Diz-nos Bento XII, na Constituição Benedictus Deus:
«Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fieis mortos depois de receberem o santo Baptismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de faze-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Ceu, no Reino dos Ceus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e ate face a face, sem a mediação de nenhuma criatura.»
Chama-se, então, céu, a esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, com a Santa Mãe de Deus, com os Santos e anjos. Assim, viver no céu é «estar com Cristo». E este céu foi-nos dado por Jesus, através da Sua morte e ressurreição. Possuindo em plenitude os frutos da redenção operadora de Cristo, que a associa à sua glorificação celeste aqueles que n’Ele acreditam e permanecem fieis à sua vontade, é ser bem-aventurado. Para melhor nos ajudar, a Sagrada Escritura dá-nos uma visão terrena do céu: «vida, luz, paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, paraíso; aquilo que "nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem, Deus o preparou para aqueles que O amam" (1 Cor 2, 9)».

A purificação final ou Purgatório

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas a sua alma não está inteiramente purificada, sofrem, após a morte, uma purificação, para assim obterem a santidade de que necessitam para entrarem na Jerusalém celeste.
A esta purificação, chama a Santa Madre Igreja de Purgatório. Este nome foi formulado nos Concílios de Florença e Trento. É também caracterizado como um fogo purificador.
São Gregório Magno diz: «No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que e a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfémia contra o Espirito Santo, não lhe será perdoada nem presente seculo nem no seculo futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no seculo presente, ao passo que outras no século futuro.»
É remota a tradição de honrar a memória dos defuntos, através de sufrágios em seu favor, principalmente o Sacrifício Eucarístico, para que assim atinjam a purificação.

Inferno
 
Só ao escolher amá-Lo livremente é que podemos estar em união com Ele.
Se não seguirmos os Seus preceitos e pedidos, seremos separados d’Ele. Morrendo em pecado mortal sem arrependimento, é forma de viver separado d’Ele. E a esta separação do homem de Deus, chama-se inferno.
Jesus falou várias vezes da “gehena”, reservada aos que recusam acreditar e converter-se, perdendo-se, assim, a alma e o corpo.
«A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, “o fogo eterno”. A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.»
Não é Deus que predestina as pessoas para o Inferno, mas sim a existência de uma aversão voluntária a Deus e até ao fim persistir nela. Diariamente, na liturgia eucarística e nas orações quotidianas dos fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus.

(Toda esta informação foi retirada do Catecismo da Igreja Católica, 1020- 1037)



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Caixinha de Música


Sabem aquelas coisitas que nós vemos, que nos remetem para a infância e nos trazem uma nostalgia imensa?
Pois bem, hoje falo-vos sobre isso mesmo.
Neste fim-de-semana vi uma coisinha que há muito não via. Lembram-se daquelas pequenas caixas de música que ao rodar a manivela, reproduziam música? Aquelas com um cilindro e umas palhetas? São essas mesmo. A música era a tradicional Für Elise, de Beethoven.
Ao rodar a manivela, parecia que aquela caixinha era mágica.
Conforme rodava, parecia que o passado vinha até mim outra vez. Eis então que vejo uma criança, sentada à lareira, com um caixinha na mão, rodando a manivela e ouvindo aquela música. A alegria em seus olhos e no seu rosto são impossíveis de descrever. Essa criança era eu.
Na verdade, se a minha mãe decide ler isto, fica a saber o porquê de tantas vezes os peluches ou os brinquedos aparecerem estragados. Eu era um dos que os destruía. Sim, que o meu irmão mais velho era igual.
Bem, andei à procura mas não se sabe muito sobe a origem destas caixinhas. Melhor, a internet não se preocupa muito com estas coisinhas.
Mas descobri num site um pouco mais sobre elas. Quem inventou estas caixinhas foi um suíço, Antoine Favre, no ano de 1796.Contudo, foram os relojoeiros suíços que lhe deram toda a sua beleza, através de pequenas esculturas.
Estas caixinhas também estão presentes naquelas caixinhas de jóias, com uma bailarina, ou com um casal. Mas muito presentes nos carroceis, com todos aqueles cavalinhos a rodarem.
Agora é mais fácil encontra-las à venda, e com diversas músicas.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Viseu à noite

Hoje, durante o intervalo da noite, fui passear por uma zona onde não é costume ir à noite: Fontelo.
Vagueando pelo meio das folhas, vi uma paisagem que me apeteceu logo fotografar. Corri a casa, peguei na máquina e no tripé e lá fui eu de novo.
Deixo-vos três fotos:






Não deu para fotografar muito mais porque estava quase na hora da Vigília de Oração pelos Seminários.

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Semana dos Seminários 2011


Começou ontem, dia 6, e vai até ao dia 13 de Novembro a Semana dos Seminários. Esta semana é dedicada a todos os Seminários (seminaristas e formadores) e à oração por eles. Os seminários são o coração das dioceses e têm como finalidade «a formação dos futuros presbíteros, pastores da Igreja» (Pastor dabo vobis [PDV] 61). Estes, os presbíteros, «são configurados a Jesus Bom Pastor e são chamados a imitar e a reviver a Sua própria caridade pastoral» (PDV 22).
Assim, pegando no guião desta semana, decidi fazer uma pequena “catequese” tendo como base a Catequese para os Jovens e Adultos, presente no guião.

«Formar Pastores consagrados totalmente a Deus e ao Seu Povo»

É comum ouvirmos a expressão “eu sinto vocação”. Mas será a vocação um sentimento? Verdadeiramente a vocação não se sente, pois esta é, na verdade, uma certeza interior que nasce pela graça de Deus e que, tocando-me o coração, me pede uma resposta livre. Se a nossa resposta for favorável e Deus nos tiver chamado, então a certeza irá crescer.
A vocação não é, nem deve ser considerada como tal, um refúgio para aqueles que temem a vida, nem uma carreira qualquer: a vocação sacerdotal é um risco do amor confiando-se às mãos de Deus. É então uma bela história de amor.
Então, o que é a vocação?
Deus, chamando-nos, não nos impõe nada: deixa-nos agir livremente. Então, se Ele nos chama, devemos dar-Lhe uma resposta. E ao respondermos, Ele dá-nos uma missão. Desta forma, a vocação é chamamento – resposta – missão.
Mas como entendemos este chamamento – resposta – missão?
Bem, quando Deus nos chama, chama-nos gratuita e amorosamente, manifestando, assim, o amor gratuito de Jesus, que, com o Pai, realiza em nós um acto imperioso, irresistível mas que respeita a nossa liberdade. A nossa resposta é a manifestação da nossa disponibilidade, comprometendo-nos, para toda a vida, ao seguimento de Jesus Cristo. Mas esta resposta não pode ser dada por outra pessoa por nossa vez. Não, ela é pessoal, livre, consciente e responsável. Tudo o que for contrário a isso pode levar a uma vida que não desejamos. Dada a resposta, se positiva, Deus dá-nos a missão de edificarmos o seu Reino em comunidade, sendo no mundo Sinal do infinito amor de Deus por todos nós.
«Num tempo em que muitos sonhos se concretizam, pode parecer ocioso falar de horizontes que persistem à nossa frente […].
Todavia, nunca como hoje, o ser humano experimentou uma tão forte sensação de angústia, de desconforto e de vazio.
Julgando ter atingido o máximo dos seus anseios, o Homem sente-se novamente atirado para o início do caminho.
A impressão que predomina é que, chegando tão longe, o Homem acabou por se distanciar perigosamente de si mesmo.
[…] Épocas como a nossa encerram grandes problemas, mas não são igualmente portadoras de perspectivas aliciantes.»
Todos conhecemos a história de Samuel. Ele é, para mim, um dos exemplos de como responder ao chamamento de Deus. Mas estaremos nós preparados para responder como ele? Seremos capazes? Mas, ao mesmo tempo, será que estamos disponíveis para acolhermos o Grande Dom da Vocação se Ele nos chamar a colocarmos a nossa vida ao serviço do Seu povo na Igreja?
A sempre presença de Deus envolve-nos; a Sua palavra não cessa de ecoar; todo o nosso ser está habitado pelo amor de Deus. Precisamos de fazer irradiar a Sua presença, anunciar a Sua palavra, demonstrarmos a força do Seu amor.
Deus chama-te: como respondes? Ele precisa de ti…

Senhor Jesus, Bom Pastor,
que em obediência ao Pai
dais a vida pelas ovelhas,
concedei-nos as vocações sacerdotais
de que a Igreja e o mundo tanto necessitam.
Fazei que as nossas famílias e comunidades
sejam campo fértil, onde possam germinar.
Abençoai o trabalho apostólico
dos sacerdotes, catequistas e educadores
para que acompanhem a vocação sacerdotal
Daqueles que escolheis.
Dai aos jovens seminaristas a coragem de Vos seguir
e o dom de configurarem o seu coração com o Vosso.
E que Santa Maria, Vossa Mãe, Rainha dos Apóstolos,
os guie e proteja, até chegarem a ser
pastores consagrados a Deus e ao Seu Povo.
Ámen




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Contradição

Caríssimos leitores:
Hoje é dia de Todos os Santos. Hoje relembramos todos aqueles que pela sua forma de viver se tornaram exemplos de cristandade. Poder-vos-ia falar mais sobre este assunto, mas remeto-vos para outro blogue que fala sobre este assunto (aqui).
O que vos quero falar hoje é de uma frase de Bento XVI que me tem dado muito que pensar. Esta será o mote da minha reflexão.

«Se o Evangelho que anuncio não gera contradição, é porque não o estou anunciando na totalidade» (Bento XVI)

Jesus Cristo, Filho de Deus, foi motivo de contradição. Todas as suas pregações foram contestadas. Ele falou ao coração dos homens aquilo que eles não queriam ouvir. E bem lá no fundo, sabiam que ele tinha razão nas coisas que dizia. Os homens do tempo de Jesus, como os de hoje, têm medo de ouvir a verdade. Sabendo que estão a fazer algo de mal, receiam que alguém lhes diga que estão a errar.
Os Apóstolos, pregando a Boa nova, foram motivo de contradição. Eles quebraram as cadeias a que estavam presos e anunciaram uma mensagem que a todos incomodava: era a mensagem de Jesus.
Os Santos foram, de igual forma, motivo de contradição. As suas palavras, a forma de agirem e de viverem, foram motivo de contradição.
Hoje, o verdadeiro cristão, é motivo de contradição. E se não o é, então é porque não é verdadeiramente cristão.
O Evangelho ensina-nos que devemos amar o irmão incondicionalmente. Num mundo em que ninguém ama ninguém, se um ama verdadeiramente o outro, é motivo de contradição. Se um jovem, nos dias de hoje, opta por não ter relações sexuais com a parceira antes do casamento, é motivo de contradição. Se um jovem se assume verdadeiramente cristão e, se sem medo, assume que é um membro activo na igreja, então ele é motivo de contradição. Se nas palavras que uso, nas acções que faço, coloco Deus a meu lado e ajo de modo diferente, então sou motivo de contradição. Se vejo um jovem a caminhar, com um terço a rodar pela mão, então eu vejo uma contradição.
Há uma frase, bem conhecida de todos nós, que nos fala de remar contra a corrente: se alguém no meio da multidão que caminha toda num sentido, fura a multidão em sentido contrário, então esse alguém é motivo de contradição.
E que quero eu dizer com isto tudo? Bem, mais explicito não pode estar: a diferença, pela positiva, gera um conflito nos outros. Um conflito interior, de tentar perceber porque é que esse alguém é diferente. E esse alguém é diferente porque têm Deus no seu coração.
Ser-se cristão é ser-se diferente. E nos tempos que correm, essa diferença faz-se notar cada vez mais. E se eu não opto pela diferença, tendo em conta os valores e deveres que tenho, então eu não gero contradição: sou mais um no cardume, mais um a ir na corrente daquilo que todos os outros pensam, fazem.
Se tenho vergonha de dizer que sou cristão, então eu sou mais um no mundo da igualdade.
O Evangelho de hoje falava nas Bem-Aventuranças. E elas são uma fonte para quem quer ser diferente.
Sim eu sei que é difícil ser-se diferente nos dias de hoje, mas Jesus dizia-nos: «Felizes os pobres no espírito, […] felizes os mansos […] os aflitos, […] os que têm fome e sede de justiça, […] os misericordiosos, […]os puros no coração, […] os que promovem a paz, […] os que são perseguidos por causa da justiça» porque deles é «o Reino dos Céus, […]porque serão saciados, […] herdarão a terra, […] serão saciados, […] serão chamados filhos de Deus». E conclui dizendo-nos: «Felizes sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus».
Então porque esperamos? Temos medo que nos apontem o dedo, que nos desprezem, que gozem connosco? Que sejamos motivo de chacota e de riso? Não tenhamos medo, pois, ainda que tudo isto nos aconteça, estamos a ser contraditórios ao mundo; estamos a ser verdadeiros discípulos do Mestre. Por Ele, para Ele e com Ele tudo faz sentido. Ele é a nossa infinita razão de viver.
Anunciai verdadeiramente e completamente o Evangelho: sede contraditórios.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 30 de outubro de 2011

Céu de uma noite de Outono


Eram pelas 18 horas, quando chegámos a Vale de Cavalos, para o XI Astroconvívio do NAV (e meu I Astroconvívio).
Depois de uns dias chuvosos, o céu estava limpinho e a preparar-se para nos deixar deslumbrar o céu de Outono.
Depois de montado o material e de reconhecida a área, foi altura de matar o primeiro bichinho: a fome.


Com a escuridão da sala de jantar, foi necessário arranjar um pouco de luz para iluminar o nosso jantar. Com a disponibilidade de uma “lareira”, foi preciso arranjar com que a alimentar. “Lareira” acesa foi altura de jantarmos a boa bola de carne que o Cristóvão trouxe, enquanto a noite se preparava para as observações.
As primeiras estrelas já brilhavam no céu quando se alinharam os telescópios.
Quando se acenderam as luzes no céu, apontaram-se os olhares para o céu profundo, enquanto Júpiter saía de traz das árvores.
Assim que o “planeta brilhante” saiu de traz das árvores, apontei a objectiva para lhe apanhar as luas. Mas houve alguém que apontou o Vixen e me ultrapassou. Pela primeira vez vi ao vivo e a cores Júpiter com os seus satélites.
Depois de os membros do NAV se maravilharam com Júpiter, tentámos fotografar o planeta, com uma bridge. Sem adaptador colocámos o tripé com a Sony DSC-H5 junto à ocular e tentámos fotografar. O resultado foi mais ao menos. Mas só conseguimos porque o fotógrafo oficial deixou a máquina em casa, mas levou um bom tripé.
Pelas 22 horas, o frio mandou-nos literalmente embora, dando-nos uma camadinha de humidade que cobriu todo o material.
Voltámos assim para casa, depois de um bom serão de observação!







Foi assim o XI Astroconvívio do NAV, e o meu primeiro Astroconvívio. As luvas, o gorro e o casaco de penas foram realmente um bom agasalho. Obrigado aos membros do NAV que estiveram presentes, Cristóvão Cunha e Doutor Miguel (presidente vitalício), pelo acolhimento. Até ao próximo convívio :)





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa